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PDI: Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Por: Hyggo Almeida

(07 maio 2021)

O VIRTUS, vinculado ao Centro de Engenharia Elétrica e Informática (CEEI) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), é um núcleo de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI).

Mas o que é PDI?

Várias iniciativas governamentais e privadas estão direcionando recursos econômicos para PDI, principalmente no viés de tecnologia, como forma de potencializar o crescimento econômico sustentável e escalável do país. Nesta linha tecnológica, os termos ganham qualificações: Pesquisa Científica-Tecnológica, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação Tecnológica. Considerando que o VIRTUS tem tudo a ver com tecnologia, para este artigo vamos considerar estas qualificações.

Mas será que todos nós compreendemos os significados destes termos? Calma, a ideia não é fazer uma monografia sobre isso. Vamos ao Google! Compilando os resultados de uma pesquisa simples, chegamos às seguintes definições despretensiosas:

  • Pesquisa Científica-Tecnológica: utilização do método científico com o objetivo de descobrir conhecimento que possa ser aplicado na prática.
  • Desenvolvimento Tecnológico: aplicação de novos conhecimentos para obtenção de resultados práticos perceptíveis.
  • Inovação Tecnológica: criação/melhoria/evolução de produtos (novo “o que”) ou processos (novo “como”) que gere resultados para o ambiente-alvo final (sociedade, indústria, etc).

Pelas definições acima, fica claro que são abordagens diferentes, potencialmente complementares. Ou seja, uma instituição pode realizar apenas pesquisa científica-tecnológica. Outra pode ser focada em inovação tecnológica. Porém, é importante entender que a complementaridade é extremamente bem-vinda para um ecossistema de inovação.

De maneira simplificada, pode-se pensar em um fluxo de integração entre P, D e I, como ilustrado na figura abaixo.

  1. Com base em problemas, lacunas e oportunidades identificadas no estado da prática (indústria e sociedade), de forma alinhada com o estado da arte (literatura acadêmica), têm-se insumos para uma Pesquisa Científica-Tecnológica (P).
  2. O método científico (caracterização, hipóteses, previsões, experimentos…) permite entender melhor o que é observado (problemas, lacunas, oportunidades…) e identificar/criar abordagens, provar conceitos e simular situações de soluções com mais confiança no resultado.
  3. As abordagens, simulações e conceitos servem de entrada para a fase de prototipação, sendo os insumos para o Desenvolvimento Tecnológico (D).
  4. Com o uso de técnicas, tecnologias e ferramentas que transformem o conceito em algo que possa ser testado em ambiente relevante, mais próximo do uso porém ainda controlado, podem ser validadas funções e funcionalidades, através de protótipos, experimentos, produtos mínimos viáveis (MPVs).
  5. Protótipos, MVPs e experimentos são insumos para a Inovação Tecnológica (I), onde o foco é a produtização e a inserção do produto/serviço na sociedade.
  6. Considerando aspectos de produto e negócio, espera-se integrar a tecnologia ao dia a dia da sociedade, considerando testes, certificações, nichos de mercado, aspectos culturais, timing, etc.
  7. Como saída de um processo de inovação tecnológica, esperam-se melhorias perceptíveis à sociedade, sejam em forma de impacto social, faturamento e lucro para sócios de empresas, melhorias estruturais em instituições, dentre outros resultados mensuráveis no ambiente-alvo da tecnologia.

Com essa definição, conseguimos observar bem o propósito e como se inserem instituições de PDI, como o VIRTUS. Por estar inserido em uma universidade, o VIRTUS viabiliza uma ligação direta com a academia, acelerando a absorção de conhecimento gerado em programas de pesquisa e pós-graduação em projetos de Desenvolvimento e Inovação. Grupos de pesquisa, tais como o Intelligent Software Engineering (ISE) e o Future Connected Systems (FCS) do VIRTUS, exploram tecnologias e metodologias que viabilizam desenvolvimentos que serão utilizados no VIRTUS e em toda a sociedade. Esses grupos materializam a ligação de pesquisadores de mestrado e doutorado com os projetos com a indústria.

Outro mecanismo importante no VIRTUS é incentivar que seus pesquisadores sempre experimentem e arrisquem novas tecnologias. Para tanto, o VIRTUS criou um programa chamado VIRTUS UP, que incentiva seus colaboradores a sempre aprenderem e aplicarem novos conceitos em projetos exploratórios. O principal foco do UP é fomentar a criação de conhecimento dentro da instituição e, o mais importante, fomentar o compartilhamento desse conhecimento sem o medo de errar. Esse elo entre pesquisa de base acadêmica, pesquisa aplicada e experimentação no VIRTUS UP, em conjunto com o compartilhamento de conhecimento dentro da instituição, é o que viabiliza a Pesquisa Científica-Tecnológica (P) no VIRTUS.

Como a etapa subsequente, vem o Desenvolvimento Tecnológico (D) aplicado a projetos para a sociedade e o setor produtivo. É notório o crescimento e interação do VIRTUS com parceiros da indústria nos últimos anos. Em termos de números, o VIRTUS atualmente desenvolve mais de 35 projetos com 18 parceiros, dos mais diversos setores. São projetos na área de inteligência artificial, realidade aumentada, sistemas embarcados, sistemas de automação e instrumentação na indústria, entre outros.

Dentro do ciclo de PDI descrito anteriormente, esses projetos utilizam o conhecimento de (P) em diferentes níveis e proporções. Alguns projetos envolvem uma fase de pesquisa maior do que outros, por exemplo. E essa variação traz à tona uma das principais características de projetos PDI: a incerteza. E o que a incerteza traz a um projeto? Riscos! Riscos podem ser os mais diversos, desde a total inviabilidade tecnológica de realizar um determinado projeto, até a mudança constante de requisitos dada a descoberta de novos conhecimentos durante a fase de investigação. E como obter excelência na execução de projetos de PDI com tantos riscos? Simples, através de um modelo de gestão orientado a riscos. Mais detalhes sobre esse modelo são discutidos no artigo “Gestão de Projetos no mundo de PDI” no blog do VIRTUS. Aqui, destaco o seguinte trecho sobre esse modelo de gestão:

“O Modelo de Gestão VIRTUS é orientado a riscos, apesar de permearmos por outras áreas da gestão (cronograma, escopo, qualidade, custos, stakeholders, aquisição, etc). É nos riscos que concentramos as maiores ações. Nossa análise de riscos é orientada aos ativos de informação da organização. Os ativos são todas as informações de valor para o negócio que podem influenciar nossos projetos, seja afetando uma entrega técnica, gerando violação de conformidade, causando problemas para as equipes, disponibilidade e/ou confidencialidade. Em posse dos ativos de informação, criamos ferramentas de software com todo o modelo de negócio e finalmente obtivemos nossos primeiros indicadores com possibilidade de realizar PDCA sobre todo o processo.”

Pois é, não é simples fazer o novo e, até agora, estamos falando do processo até o nível de Desenvolvimento Tecnológico. Neste nível o VIRTUS consegue entregar e realizar com sucesso a transferência tecnológica de protótipos, sistemas ou MVP em nível de “prontidão” 6 (seis) (Technology Readiness Level – 6). Neste nível, conseguimos desenvolver protótipos e testá-los por completo em um ambiente relevante. O que isso significa? Significa que o ciclo de pesquisa criou e compartilhou conhecimento efetivo e suficiente para a geração e desenvolvimento de um ativo que foi capaz de mostrar seu valor para a sociedade, ou seja, está pronto para ser inserido como produto/serviço e inovar. Neste ciclo, o VIRTUS se mostra uma referência como núcleo de PDI dentro de uma universidade pública, através de toda sua experiência, métodos, ferramentas, e ações, viabilizando um elo efetivo entre a instituição, sociedade e o setor produtivo.

Bem, falamos muito do P e D, mas e a Inovação Tecnológica (I)? O VIRTUS, dentro dos seus projetos faz a transferência tecnológica para seus parceiros, os quais inovam com o nosso apoio e resultados, ou seja, fechando o ciclo PDI. Mas como instituição, como podemos inovar?

O VIRTUS investe em iniciativas para ter a Inovação Tecnológica como um ativo relevante para a instituição como um todo, e não apenas dentro dos projetos. Como já introduzido em um artigo anterior, iniciativas como o OBITEC criam as ferramentas necessárias para a gestão de ativos tecnológicos que podem ser vetores de inovação. Além disso, dentro do Arcabouço de Inovação do VIRTUS (o que vai ser alvo de um artigo no futuro), foram criados canais e repositórios de compartilhamento, não apenas de conhecimentos de pesquisa, mas também de ferramentas e ativos com potencial de inovação.

Esse ciclo completo e integrado de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação é o que faz do VIRTUS um núcleo completo de PDI, sendo capaz de gerar conhecimento, desenvolver e validar ativos tecnológicos com excelência, entregar valor a sociedade e parceiros da indústria e, logo logo, criar potenciais de inovação como spin-offs para a região.

#SomosUFCG #FazemosONovo

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