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Alô, Alô… minha Campina Grande!

Por: Danilo Santos

(06 set 2019)

Campina Grande sempre foi reconhecida como um polo tecnológico regional. Desde que me recordo na minha adolescência, sempre existiram iniciativas de foco tecnológico na cidade, desde uma feira de tecnologia anual na década de 90 (FETEC), até as primeiras BBS (poucos devem se lembrar disso) nos primórdios da conexão entre computadores. No nosso cotidiano, a cidade sempre incentivou a criação de empresas de foco tecnológico (startups) e, nos últimos anos, cada vez mais empresas de tecnologia, principalmente na área de serviços de software, instalam-se na cidade.

No geral, uma característica de Campina Grande sempre foi ser um centro de formação tecnológica de referência. Não é incomum visitar uma empresa de tecnologia mundo afora e esbarrar com um profissional formado em Campina Grande, seja no Google, Facebook, Spotify, entre outras empresas.

Isso tudo não é por acaso.

Desde a década de 70, importantes iniciativas construíram essa história em Campina Grande, tendo a Universidade Federal de Campina Grande – UFCG (antigamente conhecida como Universidade Federal da Paraíba – Campus II) como iniciadora de tudo. Por exemplo, vocês sabiam que o primeiro computador instalado em uma universidade no Norte-Nordeste foi implantado em Campina Grande? Essa e outras iniciativas têm reflexo até hoje. A cidade possui três universidades públicas com cursos em tecnologia, UFCG, UEPB e IFPB, além de diversas faculdades e centros universitários com cursos em TIC e engenharia.

Isso tudo só fez ampliar a nossa característica de ser um centro de formação de recursos humanos em tecnologia (eu sou uma “vítima” disso). Isso é bom, mas nem tanto ?. Os talentos formados aqui, até pouco tempo, saíam da cidade em busca de novos mundos (eu também fui um desses). Como comentei anteriormente, esse cenário já não se repete. Novas empresas de tecnologia se instalaram na cidade e absorvem cada vez mais esse pessoal.

Neste contexto uma reflexão aparece:  como ficou o papel da universidade nesse cenário? Ficamos apenas na formação de recursos humanos?

Felizmente, esse não foi o nosso caso. Uma das características construídas na UFCG foi sua inserção no cenário de inovação nacional, seja através do desenvolvimento de projetos de PD&I com a indústria, ou através da produção de artefatos de propriedade intelectual (em 2017, a UFCG foi a segunda universidade brasileira em número de registro de patentes). Isso resultou em dois ótimos outcomes: (i) Recursos Humanos qualificados cada vez mais se mantêm e se instalam na cidade (o capital humano); (ii) o conhecimento e tecnologia desenvolvido gera riquezas para a cidade (o capital intelectual).

Essa característica da UFCG foi fomentada por professores e pesquisadores que buscaram mecanismos de financiamento junto a agências de fomento e ao setor privado, principalmente através de leis de incentivo, com a Lei de Informática. O resultado disso tudo? Laboratórios de excelência foram implantados na universidade, os quais desenvolvem tecnologias e capacitam pessoas que beneficiam toda a sociedade.

Um desses resultados é o VIRTUS, criado como um órgão suplementar da UFCG vinculado ao Centro de Engenharia Elétrica e Informática. O VIRTUS nasceu em 2015, apesar de sua história vir desde 2004, com foco na pesquisa e desenvolvimento em tecnologia da informação, comunicação e automação. Uma das principais características do VIRTUS é fazer o elo entre as necessidades tecnológicas das empresas e a capacidade de criar soluções inovadoras dos pesquisadores da UFCG.  Isso tem como impacto, tanto a geração de capital intelectual, como a implantação de capital humano qualificado na cidade. Atualmente, por exemplo, o VIRTUS tem em seu corpo técnico mais de 200 pesquisadores, engenheiros e analistas atuando nas mais diversas áreas.

Essa tríade entre o setor privado + capital humano qualificado + universidade, traz como resultado mais investimentos para a cidade e universidade, novas soluções para a sociedade e empresas, e tem como impacto direto o desenvolvimento regional através da manutenção de pessoas que, até pouco tempo atrás, iriam desenvolver riquezas em outras cidades.

Como cantava Jackson do Pandeiro: “Campina Grande tá bonita, tá mudada… cheia de cartaz!”

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